sábado, 11 de abril de 2009

Rua 5 e os amigos de infância - Minha Família, minha vida

Em 1975 mudamos para a rua Dona Aurora Allegretti, mais conhecida como rua 5. Bons tempos aqueles em que as crianças podiam ficar até às dez horas da noite na rua, brincando e ouvindo histórias. E como tinha história, até lobisomem e mula-sem-cabeça rondavam por aqui. Havia vários terrenos baldios e um córrego no final da rua que contribuíam para que os mais velhos aterrorizassem os mais novos com essas histórias macabras.

Mas, tudo era festa e os vaga-lumes eram as luzes especiais neste cenário de contos de fada urbano, ou melhor, que mais pareciam as histórias da Carochinha contadas no Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato. Nesta época, as brincadeiras ainda eram na rua, o contato ainda era físico, social e como brincávamos. Era o esconde-esconde, a amarelinha, pega-pega, queimada, beijo-abraço e aperto de mão, passa-anél, sem contar o futebol, bolinha de gude, taco e empinar pipa, sim, nós meninas sempre nos metíamos nas brincadeiras dos meninos e sempre fomos muito bem recebidas. Pelo menos a Dulce e eu éramos craque de bola. Num tempo que o futebol ainda era arte.

Fora as brincadeiras imitando as novelas ou seriados de TV. Brincávamos de SWAT, atravessando o riozinho apenas em cima de uma estreita tábua para prender os bandidos imaginários que se encondiam do outro lado do córrego. As Panteras, Mulher Biônica, Ciborg e Estúpido Cúpido, novela das sete global, ainda em preto em branco, de 1976. Ahhh!! Brincávamos de casinha também, de boneca, mas, o grande barato era ficar na rua. Além das brincadeiras de crianças peraltas, aquelas de tocar a campainha das casas e se esconder ou ainda pior, atiçar o Pagé, cachorro mais temido do bairro, da Dona Iracema, mãe dos irmãos gêmeos, Preto e Alemão, e sair correndo, entrando na primeira casa que o portão estivesse aberto. Imaginem que adrenalina era isso para mim, que sempre tive medo de cães. Uma aventura!!
Ana Lúcia, Dulce, Nancy, Claudinha, Margarete, Simone, Marisa, Cristiane, Adriana, Kuki, Valquíria, minha irmã Rosely, Rosana Gratão, Rosemeire, Silvinho da Dona Pina, Junior, Marcos, Zeca, Emerson, Éder, Silvinho, Ítalo, Avelino, Fabinho, Luiz Otaviano, João Oli, Fafá, Binha, Fábio, Marcel, Adriana e Juninho da Dona Terezinha, Tulu, Tica, Xandix, Tico, Tutti, Preto, Viviane, Kátinha, Ricardo, Ina, Martins e Alemão, esses são meus amigos de infância, minha gente e espero não ter esquecido ninguém desta rua que para mim, sempre será especial.

Outros surgiram em nossas vidas mais tarde, mas, com a mesma importância, muitos não moravam na Rua 5, mas, foram adotados por nós, eram eles: Débora, Bianca, Rosaninha, Cesário, Mauro, Tânia, Eliana, Sergio, Choquito, Naldo, Paulinho e Bilo. E assim, permanecemos juntos por muitos e muitos anos. No entanto, alguns, passaram por todas as fases da minha vida, infância, adolescência, começo da vida adulta, a fase balzaquiana e agora, a idade da Loba. Não quero ser injusta com ninguém, só que, quando digo todas as fases, são todas as fases mesmo. E são eles, meus amigos de toda uma vida: Zeca, Claudinha e Margarete.

Quantas histórias tenho para contar deste quarteto. Porém, hoje, irei falar apenas do que eles significam para mim. Tudo, exatamente tudo. Sabem de absolutamente cada detalhe da minha vida, minhas alegrias, minhas tristezas, meus sonhos, minhas conquistas e sempre digo: sou uma pessoa de sorte, até os 32 anos andávamos em bando, juntos, em viagens, bares, baladas, shows, teatros e aventuras. Contudo, nos últimos oito anos é que começamos a pensar em crescer de verdade e cada um foi viver a sua vida, todos casaram, a maioria têm filhos, mas, de uma certa forma, tentamos não perder os laços praticamente familiares que nos une. Somos irmãos de alma, uma grande família, com afinidades além do que imaginamos.

Meus parentes moram na Freguesia do Ó e tenho laços fortíssimos com eles também, no entanto, foi com as pessoas da rua 5, da Aurora que cresci e que formei minha grande família nesta passagem por aqui. Hoje, nos encontramos pouco, na condição de solteira, às vezes tento reunir a todos, e por incrível que pareça, pelo menos nos shows da minha banda, eu tenho êxito. No meu aniversário de 40 anos também consegui esta façanha.

E prometo, se um dia encontrar minha outra parte neste mundo, tentarei continuar a ser este elo de ligação com todos. Afinal de contas, este é minha missão da terra, levar alegria ao mundo com minha arte, e, quer maior alegria do que ter amigos de verdade ao nosso redor? Por isso, preciso deles perto de mim, pra me proteger, pois no fundo, ainda sou apenas uma garotinha, a mesma que estava em cima do muro, em novembro de 1975, com quase sete anos, tomando fanta laranja e sendo recepcionada pela galerinha da rua 5. Obrigada, amigos!


"Amigo é coisa para se guardar, no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção. O que importa é ouvir a voz que vêm do coração, pois seja o que vier, venha o que vier. Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar. Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar" - Canção da América - composição de Milton Nascimento e Fernando Brant.

5 comentários:

  1. oi Nana! e por onde anda a turminha do Cesario, Mauro, etc?

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  2. Olá, Sergio! Não sei sobre a turminha toda deles. Meu contato é apenas com eles e mais com o Cesário que sempre permaneceu na turma da Rua 5. O Mauro era casado, tem filho e só há pouco tempo voltou ao lar....rs...mesmo assim, meu contato com ele é mais por telefone e Orkut.
    Beijos
    Nana

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  3. Nana,como sempre eu te disse,vc é e sempre sera minha irmã,amiga,e porto seguro...vc é importante na minha vida e sem vc eu acredito que minha existencia aqui na Terra,não teria sido completa...Ter a honra de ser sua amiga e ver as suas conquistas são tão importante para mim,que no momento a unica coisa que quero e que encontre uma pessoa muito especial na sua vida,para te dar valor e descobrir a sua alma pura e apaixonada de uma poeta que é...
    te amo muito,vc é minha alegria,minha princesa,minha linda....vc é tudo pra mim....
    bjs

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  4. Afffffff, sem palavras, Marga! Apenas emoção!
    Beijos e também te amo!

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  5. Ana Lucia:
    Nana, adorei o seu blog. Ufa! como você escreve... e tem talento.
    Fiquei muito feliz com essa sua decisão de mudar, arriscar uma nova vida.
    Depois me passa o nome da empresa que você trabalha, costumo contratar empresas de Assessoria (PR) para a Bayer... Quem sabe podemos incluir vocês na proxima concorrência...
    Vou adorar o capítulo sobre os Rodrigues, se puder contribuir com alguma coisa, me avise.
    A nossa vida na infancia foi maravilhosa!!!! Eu continuo na batalha pela fecilidade, paz e amor. Adorei ver os seus pais também. Fazia muito tempo... Que saudades daquele tempo...
    Beijos em todos ai.

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