sábado, 18 de abril de 2009

Capitalismo, Mercado, Tecnologia e Comportamento

Outro dia me deparei com mais uma triste realidade deste mundo capitalista e globalizado. Cada vez mais o incentivo ao consumo cresce nas grandes metrópoles e o planejamento de marketing dos grandes segmentos é altamente estruturado para despertar o máximo de desejo e criar uma necessidade que sabemos que a não existência desses bens tangíveis, não nos faria falta alguma.

Mas o desejo de status, de continuar sempre na moda, integrados à sociedade, nos leva a querer todos os produtos que são jogados no mercado. Chamamos este fenômeno de ideologia de classes, onde os padrões de vida são determinados pela minoria privilegiada e quem está fora, se sente inferior, excluído. Sendo assim, cada pessoa se interessa por algum bem de consumo, mais por uma imposição social, do que propriamente por necessidade. Uns são vidrados em carros, outros em eletrônicos, outros em roupas, jóias, sapatos, perfumes, ou por todos e assim caminha a humanidade.

O mercado virtual, há menos de dez anos, surge como um furacão. Apenas com custo inicial para estruturar o website e depois a manutenção, a empresa economiza nos salários, nos encargos e outros quesitos necessários que são obrigatórios para manter um funcionário, neste caso, o vendedor de loja. Sem esta despesa é possível para as lojas virtuais lançar promoções e formas de pagamento que na visão do empresário ficam inviáveis acontecer o mesmo num estabelecimento de grande porte, imagine aos pequenos comerciantes. Mas, não porque sairiam no prejuízo, mas sim, porque a margem de lucro não seria o suficiente para atingir as metas estabelecidas.

O mercado virtual é bom para o consumidor? Claro que sim, com a tecnologia, existe a facilidade e rapidez para pesquisar os valores e achar o que é melhor para o seu orçamento mensal. Sem contar a economia com combustível, estacionamento, o lanche e tudo mais que faz parte de uma tarde de “compras”.

Mas, vamos entrar na questão social. Isso diminui o emprego? Num futuro bem próximo, será necessário o vendedor de loja? Será que um dia a inclusão digital atingirá toda a população? O mercado virtual distancia o relacionamento com as pessoas? Sim, cada dia mais, o indivíduo se afasta de um ciclo social saudável e se fecha num mundo egoísta e individualizado.

Portanto, mesmo se não for mais necessário o vendedor de loja, o mercado necessitará de profissionais nas áreas de tecnologia, informática, marketing e comunicação digital, mas para isso, todos terão que ter direito a uma formação digna e bem estruturada para competirem com igualdade neste feroz mercado de trabalho, cada vez mais enxuto e cada vez mais exigente. Por isso, o governo tem que priorizar a educação, saúde, moradia, lazer, para que todos tenham as mesmas oportunidades.

Não sei, não sabemos exatamente o que pode acontecer no futuro, a única coisa que sei foi que senti a tristeza do vendedor de uma mega rede de hipermercados, ao me ouvir dizer que em uma loja virtual achei uma TV de LCD de 32’ com HD interno para gravação de programas, mil reais mais barato que o preço que ele estava me oferecendo. E a única coisa que ele pôde fazer foi me propor um parcelamento em 15 vezes sem juros.

Este tipo de proposta ainda leva muita gente a preferir pagar custos mais altos, pois a parcela se encaixa melhor no seu bolso. Mas acredito, que em um futuro bem próximo, o consumidor perceberá que com isso, ele participa cada vez mais do lucro abusivo do capitalismo. E as lojas, principalmente aquelas que se dizem popular e que oferecem um parcelamento a perder de vista, no final das contas, não oferece preços tão mais baratos assim, nem aqui e nem em lugar algum. Formando assim, verdadeiros monopólios, verdadeiros cartéis de certos segmentos do mercado.

No entanto, o lucro é necessário, longe de mim o discurso de extrema-esquerda, até porque, apesar de sonhar com um mundo mais justo, este regime foi deturpado e tornou-se autoritário e no meu conceito, tudo que sufoca a liberdade do ser humano, não é correto. E sem o lucro, não há geração de empregos, não há crescimento econômico e o ciclo natural da vida é caminhar para frente. Mas, o que deveria ser evitado é o objetivo selvagem do capitalismo, onde o lucro passa por cima de qualquer outro interesse.

Agora, não pensem que não consumo nada, muito pelo contrário, também sou seduzida pelas estratégias de marketing e pelos planejamentos publicitários. Adoro tecnologia e acho que deve nos servir como um instrumento facilitador. Algo que nos ajude a otimizar nosso tempo, nos dando liberdade para o trabalho, para praticarmos nossos hobbies, lazer, curtir os filhos, a família, ter um blog, cantar, ter uma banda e tudo o que vier. Por exemplo, adoro gravar programas e filmes e com isso, minha família foi uma das primeiras da rua a adquirir um vídeo cassete nos meados dos anos 80. Mas, não porque tínhamos mais dinheiro e queríamos mostrar status, mas, porque infernizei meu pai para comprar, pois achava o máximo ter este recurso e não precisar mais ficar presa aos horários da televisão e também para locar os filmes que não pude assistir no cinema e que demoravam a passar na telinha. E assim que deve ser, tudo a favor, sem ser ostentação.

Infelizmente existem pessoas que não pensam assim e que procuram ter todos os produtos que lançam no mercado para realmente mostrar status, mostrar sua superioridade financeira. É a cultura do ter e não do ser e tenho um exemplo para contar: uma amiga que não revelarei o nome, quando uma conceituada empresa lançou o celular com linha digital, em 1998, com valores acessíveis, ela ficou indignada porque o produto iria se tornar popular e isso não seria mais um artigo de luxo. Absurdo isso, não? Mas eu sei também que hoje ela não pensa assim. Bom, pelo menos eu espero que não.

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