domingo, 5 de dezembro de 2010

Uma tarde cheia de amor e emoções


Neste sábado (4), terminou o Curso O que é Espiritismo que faço na Federação Espírita do Estado de São Paulo, localizada no Centro da capital Paulista. Este último dia de aula, na verdade foi uma tarde de confraternizações, ou seja, de muitas emoções, pois todos os alunos numa grande roda de fraternidada, através de depoimentos, relataram o que o aprendizado e a Federação representam da vida de cada um. E, claro, como não poderia ser diferente as lágrimas vieram quase sem controle para muitos dos presentes e para uma pessoa que chora até com beijo de novela, imagina onde está rolando tanta energia positiva. Chorei, chorei do fundo de minha alma.

Além de todo aprendizado inicial da codificação de Allan Kardec, muitos assuntos polêmicos foram expostos o que causou às vezes, mais dúvida ainda, mas na maioria das vezes, foi um grande esclarecimento. E o mais importante, a doutrina não julga, mas nos mostra e alerta sobre as consequencias dos nossos atos. De todos eles, os bons e os ruins.

Desde abril de 2009 venho recebendo muito da Doutrina, muita amor, muito carinho, muita ajuda e espero que um dia eu possa retribuir todo este benefício que recebo gratuitamente. E de preferência, que eu possa retribuir com trabalho, com amor, com doação, que eu possa dar para alguém, pelo menos um terço do que recebo na Federação, através da dedicação e amor dos encarnados e do magnetismo e intuição dos espíritos de luz, do meu espírito mentor e de todo o plano espiritual.

Ontem, fiquei sabendo num dos depoimentos, que o meu relato em uma das aulas, onde contei minha mudança profissional e o quanto eu sofri com este decisão de encarar um novo desafio, a ajudou a correr atrás de seus sonhos e tentar uma nova vida, mesmo sabendo da dor que isso iria causar. Mesmo sem ter amizade com esta garota, isso me deixou muito feliz, pois não há nada melhor quando uma atitude nossa serve de exemplo para os outros. Por isso devemos sempre incentivar e motivar as pessoas, e, jamais, desfazer de seus sonhos.

Todos somos capazes de realizar, basta acreditar e se dedicar de todo o coração. E se não acontecer, é porque ainda não chegou a hora, mas isso não deve nos deixar amargurados e sim, seguir em frente com outras metas e objetivos.

Neste aula, a expositora Sueli ratificou que toda mudança, mesmo para melhor, causa dor mesmo, mas é preciso passar, é preciso sair da zona de acomodação e seguir no processo de crescimento evolutivo. Toda ação precisa ser ativa, ou seja, precisamos agir, tomar atitudes para mudar nossas vidas, não adianta reclamar de todos e de tudo e, sim, tentar melhorar, através de trabalho, de estudo e de um grande esforço para o que é mais difícil de tudo: a reforma íntima.

Ser uma pessoa melhor é o grande desafio de todos nós. Para isso temos que exercitar a paciência, a tolerância, a benevolência, evitar comentários maledicentes, ser gentil com todos, praticar caridade e tantas outras coisas. Não é fácil, mas temos que tentar, começando com quem está ao nosso lado: familiares, amigos, colegas de trabalho.

Além de tudo isso, meus quase dois anos de Federação me mostrou e ainda mostra que todo problema e desequilíbrio está dentro de mim, e que o primeiro passo para minha melhora era parar de culpar as pessoas e o mundo pelos meus problemas e minhas frustrações. Estudo, trabalho sempre, e quando não temos o que queremos, canalizar toda esta energia para ações positivas.

Por isso eu canto e não posso parar, passar alegria para as pessoas e reunir os amigos, pode ser uma dos meus propósitos nesta existência, mesmo não sendo minha profissão, mesmo não sendo o meu ganha pão. Como disse acima, se não vivo da música como sempre sonhei, era porque tinha outras coisa para fazer. Mas isso, não significa que tenho que deixar para lá este lado tão bonito que existe dentro de mim.

Hoje ganho minha vida escrevendo, e se não foi meu grande sonho, tenha certeza que é algo que me deixa muito feliz e satisfeita. Adoro o que faço e agradeço todos os dias a oportunidade que tive de estar onde estou agora. Só o fato de conhecer todos os cantos da cidade de São Paulo, todos os seus problemas sociais e toda sua beleza, escondida dentro da Selva de Pedra, é uma grande dádiva. E apenas lembrando, esta oportunidade só aconteceu porque parei de reclamar e fui à luta.

No início deste blog tem toda esta história relatada. Mas resumindo, voltei a estudar depois de 18 anos parada e escolhi algo que sabia que tinha a ver comigo e só consegui isso, analisando a mim mesma e me perguntando: o que gosto de fazer fora cantar? Ué, escrever....então fui aprender.....e ainda hoje, continuo aprendendo......dia após dia......


Paz & Música e muito amor!
Fiquem com Deus!

Nana

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O filme Nosso Lar bate recorde de público em cinco dias de exibição nos cinemas brasileiros


A História do Médico André Luiz após sua morte corporal

Nesta quinta-feira (8) levei dona Maria, minha mãe, ao cinema para assistir o filme Nosso Lar, obra baseada no livro psicografado por Chico Xavier e ditado pelo espírito André Luiz. O roteiro conta a história de André Luiz nos seus primeiros momentos após a sua morte física e o seu sofrimento no umbral até ser resgatado pelos trabalhadores da colônia Nosso Lar, onde se recupera e onde começa seu trabalho tanto nas câmaras de regeneração, como no ministério da comunicação com uma série de livros que nos revelam as luzes da vida eterna. O filme é sucesso de público e com a ajuda do feriado prolongado de sete de setembro, bateu o recorde de estréia de filmes nacionais, atingindo a marca de um milhão de espectadores em cinco dias de exibição nos cinemas brasileiros.

Hoje é o primeiro dia das minhas férias e comecei o meu descanso da melhor maneira possível, pois acredito em cada momento relatado no filme. Há exatos onze anos comecei a estudar a doutrina espírita e há um ano e meio freqüento assiduamente a Federação Espírita do Estado de São Paulo e tudo para mim é verdadeiro, e como não poderia ser diferente, chorei o filme inteiro, sempre tomada pela emoção do roteiro. E agora, estou calma, andava ansiosa novamente, preocupada com futilidades e ver o filme foi um bálsamo de luz e alegria em meu coração.

Claro que muitos críticos valorizam a importância do filme, a sua espiritualidade e as lições de conduta moral, mas o consideram como um filme de ficção cientifica, ou seja, nosso Avatar brasileiro, além de religioso, piegas e muito didático. Mas isso não importa, o que importa é a mensagem de amor e da lei da ação e reação chegar aos corações de todos aqueles que entram com a mente aberta para assistir o filme.

Por inúmeras vezes, o filme passa a mensagem que os sofrimentos são causados devido aos abusos das paixões materiais, sempre levados por excessos e principalmente por conta do orgulho e do egoísmo, que são as maiores chagas da humanidade. Sei que é difícil aceitar, pois às vezes fazemos tudo certo, cuidamos do nosso corpo, temos uma alimentação saudável, tratamos todos da melhor maneira possível, ajudamos o próximo sempre que temos oportunidades, e mesmo assim somos tomados par algum tipo de sofrimento ou aflição. O Espiritismo explica que este sofrimento pode ser expiações de vidas anteriores ou provas que nós mesmo pedimos antes de regressarmos a Terra para agilizar o crescimento espiritual. E todo esforço não é em vão, estamos aqui para evoluir, para aprender, e também para ser feliz. Querer o melhor não é o problema, o mal é querer o melhor a custa do sofrimento de outras pessoas.
O roteiro mostra também que a melhor forma de evoluir é através do trabalho, do estudo, ajudando o próximo, ou seja, amando as pessoas como parte de uma mesma família, de um mesmo todo, pois somos filhos de um mesmo pai. E todos, mesmo aqueles que por muitas vezes o consideramos nosso inimigo, nosso carrasco, precisam do nosso amor, do nosso perdão, na nossa paciência e da nossa tolerância. Tudo isso faz parte de um processo para que um dia todos encontrem a luz na escala evolutiva até um dia atingir o estado de espíritos puros e chegar mais perto de Deus.

Espero que todos leiam esta importante obra literária e assistam este filme de grandes proporções cinematográficas, pois o intuito é atingir o maior números de pessoas possíveis para que todos se preparem e contribuam para a própria evolução, através da reforma íntima e para a evolução do nosso planeta Terra. Só assim, a Terra poderá passar de um planeta de expiações e provas para um planeta mais evoluído de regeneração. Precisamos fazer a nossa parte e contribuir com o nosso mestre Jesus, que veio há dois mil anos trazer a luz e começar este processo de amor e de evolução neste lindo planeta chamado Terra, que tanto dos dá e que tanto prejudicamos.


Nosso Lar – O Livro

Nosso Lar é um dos livros psicografados pelo médium brasileiro Chico Xavier, mais vendido até hoje, que compõem uma coleção intitulada A Vida no Mundo Espiritual, atribuída ao espírito André Luiz. No movimento espírita brasileiro essa coleção é também conhecida como Série Nosso Lar.

Clássico da literatura espírita brasileira, Nosso lar é um romance que versa sobre os primeiros anos do médico André Luiz após sua morte, numa "colônia espiritual", espécie de cidade onde se reúnem espíritos para aprender e trabalhar entre uma encarnação e outra. O romance levanta questões acerca do sentido do trabalho justo e dignificante e da Lei de Causa e Efeito a que todos os espíritos, segundo o espiritismo, estariam submetidos.

Nosso Lar obteve o primeiro lugar entre os dez melhores livros espíritas publicados no século XX, segundo pesquisa realizada em 1999 pela "Candeia Organização Espírita de Difusão e Cultura".



Paz & Música

Nana

domingo, 1 de agosto de 2010

Nada como um dia de domingo ensolarado


A vida é boa sim, nós é que não sabemos valorizá-la. Esta semana estava brava, triste, angustiada, sem vontade de nada por conta das mazelas do dia a dia e do coração. Mas tento não me rebelar contra o mundo, tento entender o meu destino e seguir em frente. Mas, aí vem um dia ensoladado de domingo, dia de plantão e sou abençoada pela beleza e sutileza da mãe natureza. Nesta manhã (1º), ao acompanhar meu chefe na Festa das Cerejeiras no Parque no Carmo, em Itaquera, Zona Lesta da capital, tive a oportunidade de conhecer este cantinho da natureza, este pedacinho da imensa obra de Deus. Do outro lado da cidade, pois moro na Zona Sul, me emocionei ao entrar no parque, ao ver o imenso lago, ao ver a estrutura para o piquenique das famílias, ao ver as crianças jogando bola, ao ver aquele bando de gente fazendo alguma atividade física.

Ao me aproximar do bosque das Cerejeiras me senti como se estivesse num sonho bom, no paraíso, rodeada de árvores floridas, com tons de rosa claro, rosa escuro, ipês roxos, brancos e amarelos. Me emocionei até com a execução do Hino Nacional na cerimônia de abertura da festa, coisa que há muito tempo não acontece, justamente pela falta de entusiasmo que ando nos últimos tempos. E vamos falar a verdade, nesta Copa do Mundo na África do Sul, com uma seleção que conhecia apenas oito jogadores e com um técnico marrento no comando, nem o Hino Nacional conseguiu me arrancar lágrimas. Mas hoje não, fiz meu trabalho, mesmo sendo numa manhã de domingo onde geralmente estou dormindo, com muito entusiasmo, e agradeci pelas oportunidades que tenho e pelas coisas que posso aprender durante esta passagem por aqui e neste meu novo ofício.

Depois do trabalho cumprido, entrei no carro, liguei o rádio e ouvi Marina Lima no último volume. Cantei do Centro da cidade até minha casa em Santo Amaro com toda a força dos meus pulmões. Ao invés de seguir direto pela avenida 23 de maio, passei pela Paulista para sentir a cidade pulsando, para sentir a cidade viva, para me sentir livre, leve e solta e apesar dos pesares do mundo vou segurar mais esta barra.

Uma delas é: "Eu te amo você", composta por Kiko Zambianchi:

Acho que eu não sei não
Eu não queria dizer
Tô perdendo a razão
Quando a gente se vê

Mas tudo é tão difícil
Que eu não vejo a hora disso terminar
E virar só uma canção na minha guitarra

Eu te amo você
Já não dá pra esconder essa paixão
Eu queria te ver sentindo esse lance
Tirando os pés do chão, típico romance
Mas tudo é tão difícil
Que era mais fácil tentarmos esquecer
E virar mais uma ilusão nessa madrugada

Eu te amo você
Já não dá pra esconder essa paixão
Mas não quero viver
Te roubando o prazer da solidão
Eu te amo você
Não precisa dizer o mesmo não
Mas não quero te ver
Me roubando o prazer da solidão
(minha versão: o prazer de viver a vida)



32º Festa das Cerejeiras


A festa das Cerejeiras é um evento tradional da comunidade Japonesa e chegou na sua 32ª edição com 2.300 exemplares das espécies yukiwari, himalaia e okinawa, plantadas no parque do Carmo. A cerejeira (sakura) é a árvore símbolo do Japão e tornou-se a marca dos descendentes da comunidade nipônica que vive na região de Itaquera. Todos os anos essa comunidade pratica um ritual, conhecido como hanami, de sentar sob as cerejeiras e contemplá-las durante um bom período. O vento sopra as delicadas pétalas das flores fazendo com que elas se espalhem produzindo um belíssimo espetáculo da natureza, tal como acontece no Japão. A florada dura apenas alguns dias e esta data é a única oportunidade de conferir os caminhos formados pelas flores em tons de rosa.

Ao longo do dia, os freqüentadores do parque puderam apreciar as apresentações de dança folclórica, shows musicais, taikos (tambores japoneses), karaokê, ginástica rítmica e teve à disposição barracas de gastronomia típicas japonesas, como mandys, yakissoba e tempurá.
Paz & Música!
Uma boa e justa semana para todos!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Luni, Gueto, Fábrica Fagus e Skowa & a Máfia, meus queridos do Aeroanta


Na quinta-feira passada (8), tive o prazer de prestigiar a festa de aniversário do músico e documentarista Márcio Werneck, que completou 40 anos no dia 10 de julho. Desde o momento que recebi o e-mail de divulgação do evento fiquei alucinada com a programação e determinei que não poderia perder a oportunidade de rever os meus queridos do final dos anos 80 e começo dos 90. O show seria com a banda base do Fábrica Fagus, onde Márcio era o guitarrista e um dos vocalistas, e iria rolar a participação das bandas Luni, Gueto, Skowa & a Máfia, Gang 90, Nomad e quem mais chegasse. Podia perder? Jamais.

A festa foi tudo de bom e há muito tempo não me divertia tanto. Além dos shows, o evento, que aconteceu no Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena, contou com vários DJs renomados e as presenças do CQC, de ex-jogador de futebol famoso, dos modernos e dos descolados da capital paulista. Mesmo sendo uma anônima na multidão, tudo me lembrou os meus sonhos e de como era feliz na época que freqüentava o Aeroanta. Em 1988 já tocava baixo na banda NB-8 e o que mais queria da vida era fazer e viver da música assim como toda esta galera.

Minha história com estas bandas começou por conta do programa jornalístico e de entretenimento TV Mix da Rede Gazeta. O programa tinha um formato novo para os padrões da época da televisão brasileira, era jovem, despojado e praticamente lançou para o mundo os apresentadores Serginho Groisman e minha também querida jornalista, Astrid Fontenelle. Numa das edições do TV Mix 2, a Astrid entrevistou a atriz Marisa Orth que foi divulgar a peça “Fica comigo esta noite”, onde contracenava com o garoto propaganda da Bombril, Carlos Moreno. Além da semelhança da atriz com uma amiga de infância, Marisa me chamou a atenção pelo seu jeito descontraído de ser e porque, ali, no programa, também divulgou o seu trabalho como vocalista da banda Luni. Pronto, foi amor à primeira vista. Simplesmente enlouqueci e assim começou a minha peregrinação por São Paulo atrás do Luni.

Nesta época, Marisa Orth ainda não era atriz global, aliás, ela foi descoberta por Silvio de Abreu justamente nesta peça “Fica comigo esta noite”, no qual, é claro, eu também assisti por duas oportunidades no teatro Maria Della Costa, na Bela Vista. Ao perceber o talento da atriz para comédia, Silvio a convidou para interpretar a personagem Nicinha, na novela Rainha da Sucata, bem no horário nobre da Rede Globo.

Justamente pelo trabalho da atriz, o grupo Luni era performático, diferente de tudo que havia visto e o estilo musical era eclético, com muito suingue, soul, disco, rock e blues. Até ali, estava acostumada a ver shows de rock e a tocar pop rock e quando ouvi The Best, Táxi, Oi, Seu Olhar, Johnny, Emoção, Projeto de Lei, Cairo, Rap do Rei (tema da novela Que Rei Sou Eu) e ainda por cima uma mulher, Lelena Anhaia Mello, suingar num contrabaixo negro, nunca mais fui a mesma e dali por diante levei mais a sério meus estudos musicais e decidi realmente me dedicar e aprender todos os ritmos e tendências, tornando-se a técnica de slap minha maior obsessão. Minhas composições amadureceram nesta época, tanto na parte de ritmos, harmonia e também nas letras e a partir deste momento minhas canções puderam finalmente ser trabalhadas e gravadas.

Além do Aeroanta, fui atrás do Luni no Parque Ibirapuera, quando abriram o show do Gilberto Gil, no vão livre do Masp na Paulista, no auditório do Masp, no Dama Xoc, no Centro Cultural de São Paulo e no Tendal da Lapa para assistir o fantástico espetáculo musical “Nave Louca a Última Chamada”, que misturava teatro, circo e música. Lindo, puro e sensacional. E em tantos outros lugares que agora não me lembro mais.

Não era fã só de Marisa e Lelena, todos eram e são especiais para mim: André Gordon, Natalia Barros, Fernando Figueiredo, Lloyd Bonnemaison, Gilles Eduar e o Theo Werneck, que me inspirou a usar o símbolo da paz nas minhas roupas, brincos, anéis, cordões, e claro, anos mais tarde, o símbolo também virou um dos logos da banda Josie e foi através dele que ouvi pela primeira vez o termo "vibração positiva", no qual escuto tanto hoje na Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Na segunda fase do Luni, com a saída da Marisa Orth, a banda perdeu em performance, mas ganhou em musicalidade com a entrada do baterista Kuky Stolarski, e músicas como o Reggae das Crianças, Século XX, A Flor, entre outras, também encantaram os fãs e minha peregrinação pela cidade continuou. Infelizmente, o segundo disco não saiu e muitas músicas desta fase não lembro. Só sei que havia uma música que a Lelena deixava o baixo, pegava a guitarra e interpretava a canção. Isso também me encantou na banda, assim como os Titãs, todos cantavam e tocavam algum instrumento, todos tinham destaque.

Enfim, a nostalgia, às vezes, não é boa para a nossa evolução. Viver no passado é andar para trás, mas neste caso, fiquei tão feliz com a festa de quinta, é um pessoal com uma energia tão boa, tão do bem, que meu entusiasmo voltou, minha vontade de cantar novamente voltou e até de tocar baixo. Me envolver com a música outra vez, talvez seja o up que eu preciso para minha vida ficar mais divertida.
OUTROS AMORES
No final do ano de 1988, o TV Mix organizou a festa do seu primeiro aniversário, na outra casa badalada da época, o Dama Xoc, e neste evento, pude conhecer as outras bandas que passei a admirar e a freqüentar os shows. Gostava de todos e bastava saber que uma dessas bandas iria tocar no Aeroanta e lá estavam meus amigos e eu por lá. Esta festa foi marcada também pelo reencontro do Barão Vermelho com Cazuza no palco, e além da canja com seus antigos sucessos, tocaram uma das primeiras músicas gravadas da banda, o blues Bilhetinho Azul. Já bem magro e com o cabelo bem ralo, o cantor Cazuza não perdeu a piada e disse para os Barões: "eu continuo o mesmo, mas os meus cabelos". Este é o meu mestre.

E assim, não era só de Luni que vivia Nana Falavigna. O Fábrica Fagus tinha uma energia e uma juventude contagiante e algumas músicas, por mais tempo que eu não escutasse, vieram rapidamente na minha cabeça na quinta, sem contar as frases que cantarolo até hoje como: “mentira que Deus ajuda quem madruga, Deus antes de tudo dá graças na rua........porque lembrei, amanhã é dia de trabalhar; “todo mundo ligado, todo mundo dançando, não quero ver ninguém parado, ritmo quente, suingue, emoção”; “nos bailes da, nos bailes da, nos bailes da vila”; “as unhas bem feitinhas e perninhas que só ela, mas eu não digo nada. Eu te espero, mas me paquere, eu te espero, mas me paquere”. Eram músicas como essas, Gravidade, Mal Necessário, Mameluco’s Groove, Ritmo Só, Cenografia que nos faziam vibrar e dançar em cada show que íamos.

Na banda Skowa & a Máfia também havia uma baixista, a Kiki Vassimon, e mais duas mulheres nos sopros, Liege Rava no saxofone e Monica Doria no trompete e ainda por cima, nomes que até hoje estão mais vivos do que nunca na MPB, como o próprio Skowa, o percussionista e baterista James Muller, o guitarrista Tonho Penhasco e os vocais Chê Leal e Bukassa Kabengele. A música África Brasil sempre me emocionou a ponto de arrancar lágrimas dos meus olhos toda vez que ouvia ou cantava. Era a história e cultura negra tocando lá no fundo da minha alma, pois também "eu sou neguinha".

O Gueto nem dá para falar e expressar tudo que sinto pelo trabalho deles. Simplesmente gostava de todas as próprias, e os covers das músicas The Lady don’t Mind do Talking Heads e Cruisin do Smokey Robinson foram interpretações inesquecíveis. O som da banda era com muito, mas muito suingue mesmo, além de muito falsete do vocalista Júlio César, muita guitarra suingada e distorcida do Márcio, muita pulsação do baixista Marcola e muito beat e pegada do baterista Edson X. Esses quatro garotos na zona norte eram os caras. Como li outro dia, com certeza o Jota Quest foi influenciado por eles, mas apesar da fama, não chegaram perto do importante papel do Gueto no cenário pop rock nacional daquela época. Uma pena que as gravadoras e a mídia nacional não deram a devida importância e o sucesso ficou mais por aqui, no circuito alternativo da cidade e com isso, apenas dois discos foram gravados.

É isso, vinte anos se passaram e ao ver todo este pessoal percebi que o meu amor continua o mesmo, continuo uma fã incondicional de todos. Poderia conversar como musicista com eles, mas não, sou tiete, e desde que a Rita Lee compôs a música Ti, Ti, Ti onde o refrão diz: “nada mais furado do que papo de tiete”, procuro ficar na minha perto de artistas que admiro para não ser chata e nem incomodar, mas adoro vocês, meus queridos do Aeroanta.
Paz & Música!
Nana

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Os problemas dos grandes centros urbanos e da periferia das cidades


Todas as pessoas deveriam passar por algumas experiências na vida. Uma delas é encarar de perto a realidade dos centros urbanos e outra, é encarar a realidade das periferias das grandes cidades do Brasil. Não pelo simples fato de que ver o sofrimento e as misérias do mundo vá contribuir para o crescimento moral, mas, porque é importante saber que a vida não é apenas um mar de rosas. Acho muito importante que todas as classes sociais se preocupem e saibam que ninguém veio ao mundo a passeio.

Conheço pessoas que nunca foram aos bairros da periferia da cidade de São Paulo. E digo isso, não porque agora, por causa da minha função, eu ande por todos os cantos da cidade, e acho que todos deveriam fazer a mesma coisa, mas porque acho importante. Mesmo antes de entrar para este novo ofício, já conhecia os dois lados da moeda, mas fui conhecer esta realidade após meus 18 anos e sei muito bem como é viver num mundo de fantasias.

Tem gente que tem pavor do Centro e agradece todos os dias por trabalhar longe dele, dizem que cheira mal, que é feio, tumultuado, cheios de mendigos e trombadinhas. Realmente vemos de tudo por aqui e como já falei outro dia, é onde fica a maior concentração de moradores em situação de rua, dos nóias do crack, dos ambulantes, das ciganas e tantos outros. Em algum lugar existe realmente um cheiro fote de urina, mas, acho importante convivermos com toda esta diferença. Ninguém quer ver o feio, o estranho, mas por enquanto o mundo é assim e vivermos alienados de tudo isso só para não sofrer, para não ferir nossos olhos é fugir da realidade.

Andar pela periferia também é importante. Ver e sentir que a cidade não tem infraestrutura para toda esta população, que se amontoa nos morros e nos terrenos e vão se multiplicando, correndo risco de doenças, deslizamentos, convívio com traficantes, falta de lazer, de escolas e de hospitais. As autoridades sempre são cobradas, são acusados de abandonar toda esta gente, mas, nos últimos 10 anos, pelo menos aqui na capital paulista, acho que algumas coisas estão sendo feitas e existe uma real preocupação com o desequilíbrio social. Mas os problemas são muitos, e ainda bons anos vão precisar para chegar perto de uma justiça social mais otimista.

O Importante é que sempre tenha uma continuidade nos projetos e programas que estão dando resultados. Com isso, quem sabe, não será mais chocante para ninguém andar nos Centros das grandes cidades e nem na periferia. Por exemplo, aqui no Centro de São Paulo temos que ficar preocupados mais com os nóias do crack que para conseguirem a droga são capazes de qualquer coisa. Aqui é muito difícil presenciarmos um assalto com arma de fogo. Aliás em dois anos que trabalho por aqui, nunca presenciei um assalto. Mas sei que existe, com facas e cacos de vidros. Já nas periferias e mesmo em outros locais da cidade, o grande problema de violência é com bandidos mesmo, com armas na mão, ou pior ainda, com armamento de guerra.

Concluindo, é bom conhecermos o feio para valorizarmos cada dia mais, o belo. Mudar o mundo com as próprias mãos é impossível, mas se todo mundo pensar numa sociedade mais justa, quem sabe um dia, não veremos mais moradores em situação de rua e nem uma população sem oportunidades de moradia, de saúde com qualidade, de educação eficaz, de saneamento básico, de acesso à Cultura e de lazer.

No entanto, para isso, todos precisam conhecer a realidade das coisas da vida, pois uma coisa é certa, sempre nos sensibilizamos com as tragédias que acontecem no mundo e existe sempre uma grande comoção e solidariedade para ajudar os desabrigados de alagamentos, de terremotos, de tsunamis e de guerra. Penso que, se todos conviverem ou pelo menos conhecerem a realidade do dia a dia, do cotidiano dessas pessoas, também haverá uma comoção e uma necessidade de ajudar de alguma maneira: através de doações, cobrando as autoridades medidas sociais mais justas, trabalho voluntário ou pelo menos com um olhar sincero, amigo e consolador.

Censo 2009

O último censo realizado no fim do ano passado sobre a quantidade de moradores em situação de ruas foi publicado no começo de março deste ano e segundo a Folha de São Paulo, houve um aumento de mais de 50% nesses últimos 9 anos. O crescimento foi de cerca de 8 mil para 13 mil pessoas e o fato se deu devido ao consumo de crack e álcool, desemprego e falha em políticas sociais. A faixa etária atingida foi entre 12 anos até cerca de 30 anos.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O Som da Motown - O musical revive os sucessos que embalou minha geração

Nos 50 anos da lendária gravadora americana, o musical O Som da Motown, em cartaz no Teatro das Artes, localizado no Shopping Eldorado, zona oeste da capital paulista, revive sucessos das décadas de 60, 70 e 80. O espetáculo apresenta canções memoráveis de The Jackson Five, The Supremes, Stevie Wonder, Marvin Gaye, Diana Ross, Lionel Richie, entre outros. As músicas são interpretadas por cinco cantoras da nova geração que nos surpreendem com a técnica vocal e, principalmente, com a entrega emocional na interpretação de cada canção, encantando todos que freqüentaram os bailes da vida nos anos 70 e 80.

Os diretores, Cláudio Figueira e Renato Vieira, apostaram no talento das cinco cantoras que foram selecionadas através de testes, para dar corpo e alma ao espetáculo. Simone Centurione, Thalita Pertuzatti, Ellen Wilson, Alcione Marques e Débora Pinheiro cantam ao vivo as 50 canções, acompanhadas por uma banda de peso, formada especialmente para o espetáculo pelos músicos Fernando Lopez (teclados), Robson Rodrigues (baixo), Marcio Amaro (bateria), Moisés Camilo (guitarra) e George de Oliveira (sax). Ao longo de cinco blocos, as intérpretes realizam sete trocas de figurinos, num total de 34 peças.

O intuito do musical não é documentar a história da gravadora e sim, levar a emoção de toda uma época através de alguns dos mais marcantes hits das paradas de sucesso de 1960, 1970 e 1980, como: I want you back, Never can say goodbye, Ben, Please, Mr. Postman, Three time a lady, Endless love, All night long, entre outras.

Serviço
O Som da Motown
Local: Teatro das Artes (Shopping Eldorado – 3º piso) – Avenida Rebouças, 3970 – Pinheiros - Zona Oeste
Horário: Sextas e sábados: 21h30 – Domingo: 18h
Ingressos: R$ 60 (sexta) e R$ 70 (sábado e domingo)
Contato: (11) 3034-0075
Em cartaz de sexta a domingo, até 25/04/2010

Me emocionei, chorei e fiquei com vontade
de sair dançando pelo teatro

No último sábado (13) fui assistir este musical e faço questão de divulgar para os amigos, pois é simplesmente maravilhoso, não apenas para os saudosistas que viveram estes anos incríveis, mas, também, pela qualidade do espetáculo. Além das excelentes cantoras, os instrumentistas da banda têm muito suingue e são altamente competentes e os figurinos são perfeitos. Tudo para nos transportar pelo túnel do tempo para uma época onde sair para dançar era uma libertação para nossas almas. Eram tempos que os amigos estavam todos juntos, tempos de namoricos, tempos que cada bailinho da Vila era um grande acontecimento social. Tempos que a vida era simples e não precisávamos nos preocupar com nada.

A única coisa que achei estranho foi o cenário todo preto, pois quando algo me remete aos anos 70 já penso num cenário totalmente psicodélico e telões com imagens coloridas e delirantes. Adoro uma megaprodução, no entanto, com o decorrer do espetáculo, percebi, assim creio eu, que o cenário negro foi justamente para destacar as vozes das cantoras, os figurinos criativos e coloridos e para ressaltar o trabalho de desenho de luz, que foi um show a parte.

Além de nos encantar, cada uma com seu timbre de voz específico, as meninas dançam, representam e a marcação de palco é perfeita. O ponto alto do show é no momento que as cantoras interpretam o The Jackson Five, sem contar o final da apresentação que temos vontade de levantar da poltrona do teatro e sair dançando, ali mesmo, ao som de todo suingue da banda e da energia vibrante das cantoras. E as músicas românticas? Essas baladas me remeteram às músicas lentas, aquelas que dançávamos de rosto colado com os meninos do bairro ou com os namoradinhos de adolescência. Ahhhh!! Era a hora mais esperada dos bailinhos.

Isso também, mais uma vez, nos mostra que existe muita gente boa por aí, pois as cantoras não são conhecidas na mídia e nem os instrumentistas. Não gosto de criticar a indústria cultural, mas o que prevalece nas gravadoras e rádios é o consumo popular fácil, ou seja, o lucro que certos estilos musicais levam para o bolso desses empresários. Por isso estou aqui, sem ganhar nada, divulgando algo que achei fantástico pela qualidade da produção, pelo talento das cantoras e pelo profissionalismo dos músicos, diretores e de toda equipe do espetáculo.

Parabéns a todos pela grande sacada e realização do musical!

Vale muito a pena assistir, ouvir e curtir O Som da Motown. Recomendo para todos os amigos, principalmente os que viveram e dançaram estas músicas.



Paz & Música!
Beijos e fiquem com Deus!
Nana