sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mistério divino dos relacionamentos humanos

“Quem poderá explicar esse mistério santo da vida? Dentro desse divino segredo do coração, basta, às vezes, um gesto, uma palavra, um olhar, para que o espírito se algeme a outro para sempre......(50 anos depois - Emmanuel – Psicografia: Chico Xavier)”

Não é mais novidade para ninguém que sou uma pessoa que chora até com beijo de novela. Como diria Zeca Baleiro: “estou tão a flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar”. Sendo assim, é claro que quando li o trecho mencionado acima, no livro “50 Anos Depois”, no segundo capítulo "Um Anjo e um Filósofo", exatamente na página 43, despenquei a chorar.

E o motivo é um só, essas palavras são profundas e verdadeiras e digo mais, não é só quando nos apaixonamos, mas com amizades também. Tudo tem um começo e esse começo é exatamente com um olhar quando as pessoas se encontram e se analisam, depois vem um gesto qualquer e por último, a palavra, a conversa para a aproximação.

Claro que dependendo do nosso grau de carência, podemos confundir essas ações e levar para o lado errado, mas de qualquer maneira, essas duas pessoas já estão entrelaçadas, uma já faz parte da história da outra. No entanto, como já mencionei, esta ligação fraternal não é apenas de relacionamentos a dois, mas também de amizades sinceras. Este trecho me fez lembrar da minha amiga de infância Margarete, que já citei algumas vezes por aqui. Nos conhecemos há quase 34 anos e tudo começou com um olhar, o reconhecimento na sala de aula.

O ano era de 1976 e começava a cursar a 1ª série do 1º grau na escola mais popular do bairro, “Plínio Negrão”, e o que todos fazemos em todos os lugares novos que adentramos mesmo quando crianças? Olhamos tudo e todos ao nosso redor. Mesmo as pessoas tímidas, elas também fazem este reconhecimento. E foi o que aconteceu comigo e com a Margarete. Um belo dia, a criançada da rua estava em frente à minha casa brincando de “amarelinha” e olhei para ela e perguntei: “você não está na minha classe?” E foi assim que começou nossa amizade que dura até hoje. Além de estudar comigo, ela morava na rua que eu havia acabado de me mudar.

Esses dias assisti um filme que falava sobre este tipo de amizade, esta cumplicidade que temos com alguém durante a vida. E não precisei pensar muito. Graças a Deus tenho muitos amigos maravilhosos e fiéis, mas uma pessoa que passou por todas as fases da minha vida, exceto a primeira infância, e que está envolvida em todos as minhas histórias, sem dúvida nenhuma é a Margarete. Posso dizer que de uns anos pra cá, a vida nos separou um pouco, mas separou fisicamente, pois ela casou e não mora mais na nossa querida rua 5, porém, continuamos a quebrar o maior pau por telefone e às vezes nos encontramos no bar da Aniella ou nos eventos sociais da rua 5.

Tive a honra de ser uma de suas madrinhas de casamento, coisa que muito me emocionou e definitivamente, ela é a testemunha de todos os meus devaneios, meus projetos de vida, minhas vontades, meus sofrimentos. Claro que quando ela conta uma história minha, ela tem o dom de aumentar a história e deixá-la mais apimentada. Esse é seu jeito de ser e viver, ou seja, fazendo graça para o mundo. Pelo menos era assim quando todos nós ainda tínhamos uma vida social ativa.

Assim como ela sabe sobre a minha vida, eu também sei sobre a sua vida e muito aprendi com esta pessoa. Por algumas vezes tive que ser dura com suas atitudes. Mas ela é feliz, eu não lembro de ter mandado um e-mail cruel para ela como costumo fazer quando surto, quando estou magoada. Conosco é assim, cara a cara. O que temos que falar uma para a outra é na lata. Uma amizade verdadeira que até olha os defeitos da outra, mas sempre no intuito de ajudar e não de humilhar. Ela quer o meu melhor, assim como quero o seu melhor.

Bom, agora que já declarei o meu amor para a Margarete, coisa que não deveria, pois esta semana ela acabou com os meus dias de luta me criticando sobre o meu jeito de olhar e sentir a vida, escreverei sobre o que sinto referente ao trecho citado no início do texto quando se diz respeito ao amor a dois. Às vezes, não conseguimos entender a ligação que temos com uma outra pessoa. De qualquer maneira, ela está ali, e já faz parte da nossa vida.

Pode ser que um dia a gente nunca mais veja, nunca mais saiba de seu destino, mas mesmo confundindo a situação, o que aconteceu já ficará para sempre. Ainda mais no meu caso que tudo vira música. Tudo é inspiração para uma bela canção. Nossos destinos não foram traçados na maternidade, mas, nossos espíritos, por confusão ou não, já estão ligados para sempre.

E mesmo quando tudo acaba sem ter começado, mesmo quando a confusão já está armada, tudo que acontece nas nossas vidas é uma lição, uma experiência e com certeza muita coisa boa aconteceu, principalmente para mim que enfrentei todos os meus medos tendo que tomar atitudes, tendo que colocar a cara pra bater, tendo que superar o pavor da rejeição. Tudo isso foi muito melhor do que me arrepender de nunca ter feito como aconteceu em outras oportunidades. A dor faz parte da nossa evolução e só quem arrisca tem um retorno e não fica no amor platônico. No sonho, no amor impossível.

De qualquer forma, mesmo se o destino separar nosso convívio e mesmo que nunca mais eu tenha contato com o ser da mais recente ilusão amorosa, sendo carência ou não, sendo loucura ou não, já existe um amor fraterno e uma cumplicidade inexplicável. A paixão, a atração física, o tempo apagará, como tudo na vida passa, este sentimento também passará, mas, a fraternidade permanecerá. Nossos espíritos já estão algemados para toda a eternidade, isso se já não era algo premeditado, algo que tinha que acontecer para resgatar as faltas do passado.

Uma frase que está em alta por causa da exposição na Oca que vai até o dia 20 de dezembro, das 9h às 19h, no Parque no Ibirapuera, na zona sul da capital, é a do livro “ O Pequeno Príncipe”: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Ou seja, querendo ou não, mesmo se o sentimento do outro não seja igual ao nosso, mesmo se o que foi importante pra gente não foi para o outro, mesmo se tudo não passou de loucura de uma mente carente, a ligação já foi feita. E a responsabilidade não é de um só. Somos responsáveis por tudo que cativamos, por tudo que cultivamos, por tudo que pensamos e principalmente, por tudo que atraímos para nossas vidas, sendo por afinidades ou por vibrações negativas e positivas.
Encerro o texto com mais uma frase do livro "O Pequeno Princípe": Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.


Paz, Música & Amor
Beijos e fiquem com Deus
Nana