domingo, 3 de maio de 2009

Uma família chamada VVD Pallas

Meu primeiro emprego foi em 1989, na Brasimpact, um escritório de engenharia aqui perto de casa. Saí de lá porque tinha um chefe australiano que ao mesmo tempo era inteligente, amigo, reconhecia o potencial, tanto é que em seis meses passei de recepcionista para assistente administrativo, mas, em questões de segundos, ele ficava nervoso e gritava como um louco. Agüentei um ano para ter pelo menos este tempo de registro na carteira de trabalho e ganhar também, um pouco de experiência. No entanto, ele gritou comigo apenas uma vez, para nunca mais, percebeu que se fizesse isso novamente, sairia de lá sem choro e nem vela. Mesmo assim, aquele clima de tensão não era para mim.

Todos os meus empregos foram com QI (quem indica), tanto o primeiro, como o segundo foi a mesma pessoa. Quando saí no começo de 91 da Brasimpact, queria ficar um tempo em casa, mas logo surgiu a vaga na VVD, local onde a irmã da minha amiga Rosaninha trabalhava, a Agnês. Para não parecer folgada, nem aquela menina mimada que não quer saber de nada, apenas de ter uma banda, fui lá fazer a entrevista nesta Corretora de Seguros alemã que tinha Volkswagen no nome apenas como royalty. O nome era VVD Volkswagen Corretagem de Seguros Ltda.

Como estava tranquila, pois era indiferente conseguir ou não o emprego naquele momento, me saí muito bem nos testes e nas entrevistas com o diretor de Recursos Humanos, Luiz Otávio e com o gerente do departamento, o Sr. Milton de Paula (futuro paizão). Alguns dias depois, lá estava eu, em casa, na rede, sossegada, lendo o livro “O Capitão da Esperança” de Jorge Amado, que conta a trajetória do comunista Luiz Carlos Prestes, marido de Olga Benário, e toca o telefone. Era o gerente da VVD dizendo que o emprego era meu e que era para começar no dia seguinte. Fui, é claro, afinal queria comprar um baixo importado e o GK, o famoso amplificador que tanto falava.

Bom, difícil contar 17 anos de história, pois foi este tempo que fiquei nesta empresa, considerando as fusões com o Banco Volkswagen que nem mudamos de espaço físico e depois para a Marsh, quando realmente mudamos radicalmente e fomos para o CENESP (Centro Empresarial de São Paulo). Porém, nem todos, uma parte permaneceu no Banco Volkswagen, outra parte foi pra a Marsh e outros foram para casa. O dia 18 de junho de 2003 foi um dia muito difícil, turbulento, cheio de emoções, tristezas e ficará marcado como o dia em que a família se separou fisicamente.

Na VVD encontrei pessoas que farão parte da minha vida para sempre. Encontrei verdadeiros amigos, um lance de afinidade mesmo, de carinho e porque não dizer, de amor. Éramos felizes, trabalhávamos também, mas nos divertíamos muito mais. São tantas as histórias, são detalhes tão pequenos que realmente não têm como descrever tudo aqui. Escreverei apenas algumas lembranças e o que representou todo este período para mim e acredito que para todos também.

A empresa tinha uma sede própria de Grêmio e lá, foram tantas festas, tantas cantorias no karaoquê, tantos conflitos, tantas alegrias, jogos, ping-pong, affffffff, nem falemos disso, perdi a grande final para a Cida Branca numa partida disputadíssima, que reuniu numa grande festa, a empresa toda. Para variar, não me desfazendo da adversária, mais perdi por ansiedade, falta de controle emocional, pois era a franca favorita, rs.....pior que é verdade e a frase certa para este acontecimento é: amarelei nesta final. E quando o Anjinho cantava "Pai", do Fábio Jr. no karaoquê? Nossa! Era uma choradeira!! Mesmo com a maioria, graças a Deus, com o pai vivo, a emoção tomava conta do Grêmio.

E o vexame da festa de 45 anos de VVD em 95, na Chácara dos Sonhos em Jundiaí? O Anjinho, meu chefe na época, pediu para organizar um campeonato de futebol feminino e para variar, me empolguei totalmente e não falava em outra coisa. Chegou no dia, não quis tomar o café maravilhoso que nos recepcionava para não ter indigestão na hora do jogo, só que, as partidas começaram apenas em pleno sol do meio dia. Sem comer nada, é claro, no primeiro pique, me deu hipoglicemia (baixo nível de glicose no sangue), ou seja, fiquei sem energia nenhuma, deu tontura, fiquei com as pernas tremendo e tive que sair do jogo. Poxa! Tiram uma da minha cara até hoje por causa disso.

Jogávamos carta na hora do almoço no próprio departamento, sentadas no chão, enlouquecendo o Valverde com nossas folias, e muitas outras coisas aconteciam naquela empresa cheia de gente maluca. Inclusive, nos encontrávamos bastante fora dali. O Barreto e seus campeonatos de Boliche no shopping Morumbi, fui vice no feminino também, mas, desta vez, por sorte, não era tão boa jogadora como a Eugênia e a Simone e só fiquei em segundo porque esta última desistiu no meio da competição. Tinha a galera do cinema também, pelo menos uma vez por mês a gente assistia um filminho. Os churrascos na chácara do Barreto em São Roque, que coisa boa! Eu estava em todas, sempre fui assim, pertencia a todas as tribos. Desde a época da escola, estava aqui, estava ali, estava em todas. É o meu jeito sagitariano livre de ser.

Ahhh e os amores? Quantas descobertas. Ali, aflorei para muita coisa, para o mundo. Aprendi a conviver melhor com as pessoas, aprendi a fazer relaxamento, ajeitando assim, os rebeldes cabelos crespos. Aprendi a abraçar, aprendi a trocar afetos, aprendi a filosofia de Kardec. Na VVD, eu despertei realmente para a vida.

Contudo, a vida profissional da maioria não evoluiu. Mas éramos tão felizes, o ambiente era tão bom, que não importava a carreira, não importava dinheiro. Sofremos muito nas fusões, pois a globalização chegou e nossa vida de empresa paternalista entrou em decadência e tivemos que correr atrás do prejuízo. Acredito que todos pensavam que iríamos nos aposentar na VVD, por isso a acomodação geral. Por conta disso, chegamos na Marsh e tivemos que matar a bola no peito e chutar para o gol, e com isso, cada um foi para um lado e hoje, estamos espalhados em cada canto desta imensa cidade, em outras corretoras, seguradoras e em outras atividades, assim, como é o meu caso, que agora estou na área de comunicação.

Porém, nossos laços continuam fortíssimos. Esta semana em mais um corte na poderosa Americana Marsh, sofri e chorei junto com eles. E aos poucos, cada vez mais, cada um segue em caminhos opostos, mas que se cruzam nos laços de amizade e amor. Não mencionarei o nome de todos, porque foram muitos. No entanto, alguns tenho que citar: Anjinho (Adenilson), Nívia, Meire, Nilsa, Vilma, Tânia, Evaldo, Dona Marion, Isabel Cristina, Kássia, Kátia, Barreto, Wagner, Roseli, Niltão, Jairo, Seu Flávio, Luiz Santos, Seu Milton, Javier, Mariana, Edson, Oscar, Marcinho Medeiros, Germano, Adriana Prima, Vanilse, Cida Branca, Cida Preta, Marcinho, Régis, Marcos Porto, Elias, Fabiana, Eugênia, Luciana Braga, Crizão, Toninho, Tereza, Silene, Lia, Fátima, Selma, Simone(s), Márcia Regina, Lucy, Agnês, Heloisa, Rebeca, Paulinho, Luiz José, Miriá, Cleide, Sônia, Nadir, Márcio Santos, Ivete, Brasílio, Rafael(s), Carlão, Marcelo, Cris Weiss, Sheyla(s), Priscila, Galdino, Maurício e tantos outros que moram e sempre estarão no meu coração de uma forma muito especial.

É isso! Bom saber que por onde a gente passa, encontramos tantas famílias de afinidade. Como já contei neste blog, além da família, dos parentes de sangue, ainda tenho a família da Rua 5 e agora conto para vocês sobre a família da VVD. São amigos para sempre, nas alegrias e nas tristezas. E apesar de tudo, toda vez que nos encontramos é sempre uma grande festa, uma grande alegria. Que o tempo e a distância nunca apague esta chama de amor e carinho que existe entre nós.
Tenham uma ótima semana!
Fiquem com Deus!
Paz & Música
Beijos
Nana
ahhhh!!! Saudações conrinthianas!!!! Campeão Paulista de 2009.

14 comentários:

  1. Nana...adorei o Blog....tentei deixar um comentário, mas não consegui...deu erro!!! O texto está excelente e foi muito bom relembrar a época da VVD, uma época tão feliz em nossas vidas...fiquei realmente emocionada. Tem um refrão de uma música, nem sei quem canta, mas sempre que ouço me lembro da VVD...."Que tempo bom, que não volta nunca maaaais...". Super beijo...Siroca

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  2. ღ♥ Vanilse ♥ღ♥:
    Nana "escrevi alguma coisa"... hahahaha foi quase um livro... Li e me emocionei, são histórias tão boas, foi escrita com muito sentimento, como vc sempre faz. Ah tem uma coisinha que não ficou legal, foi no final "Saudações Corintianas" ... eca!!!! rsrsrs bjs

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  3. Oi Nana.
    Apesar da gente ter se conhecido por apenas uns dois anos a amizade era grande, que saudades e quando voce lembrou das festas no gremio e da galera que estava sempre junto fiquei emocionada.
    Voce ,o Ricardo e o Abilio eram meus mais proximos vizinhos quando eu trabalhava naquela salinha ao lado de voces, entao a gente tava sempre batendo um papinho e tomando um cafezinho lembra? O tempinho bom. E muito bom poder rever a galera e lembrar um pouquinho da nossa "familia".
    Deixo aqui o meu abraco pra todos voces.
    Valeu pela iniciativa do blog.
    Beijao no coracao
    Heloisa

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  4. Primona maravilhosa !!!!

    Você sempre dá um jeitinho de arrancar lágrimas dessa sua prima babona.
    Parabéns !!! Está lindo o seu blog.

    Beijos no seu coração !!! Da prima Adriana e do Matheus

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  5. Poxa,pessoal! O mais importante nos textos que escrevo, indiferente de ser um bom ou não, é conseguir passar o meu sentimento. E cada recado que recebo dizendo isso, que vocês sentiram emoção, já é gratificante, compensador e suficiente para eu seguir em frente!
    Obrigada, amigos!
    Paz, música e amor!
    Beijos
    Nana

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  6. Nossa passou um filme em nossas "cabeçonas"!!! Como esquecer dos momentos que passamos na VVD? Foram simplesmente maravilhosos.
    Hoje, nem se chama mais VVD, mas, em nossos corações sempre nos lembraremos da VVD Pallas, o primeiro emprego de muitos de nós.
    Foi tão bom, que a maioria das pessoas que por lá passaram estão bem hoje, pois era uma verdadeira escola...escola da vida!
    Apesar de não nos vermos constantemente, a amizade ficará para sempre.
    Nana, adoramos o blog e sua iniciativa de sempre resgatar a memória de nossas histórias.
    Graças a VVD Pallas é que hoje estamos casados e muito felizes.

    Beijos a todos e estamos com saudades

    Evaldo e Tânia

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  7. Que lindo!!!
    Ao ler, parecia que eu estava lá, na Rua Bento Branco de Andrade Filho, vivendo tudo novamente.
    Acredito que não tenha um "ex-VVD" que passe por lá e não comente algo a respeito.
    Foi uma idéia maravilhosa e, como disse os nossos amigos "cabeçudos" (rsrsrs), a VVD sempre estará em nossos corações.
    Nana... parabéns!!!

    Beijos para todos.

    SIMONE NASCIMENTO

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  8. olha, VVD/ASSIVALO foi meu primeiro trabalho com Milton de Paula e Cremildo Beltrame...verdadeira escola que trago até hj...muito legal ver esse seu blog...saudades dos amigos da informática...Carlão, Sérgio, Júlio, Elza, Damariz, Formigão, Luciana, e da O&M Ivete...abs...como eu os acho no face? não tenho os nomes completos...uma pena...abs. Ivan Garcia.

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    1. Olá, Ivan! Tudo bem? Algumas pessoas que mencionou estão no grupo VVD Pallas no facebook. Aí vai o link: www.facebook.com/groups/525529407544584/

      Peça para a Rebeca, moderadora do grupo, te adicionar.....se não conseguir, me avise.
      Abs
      Nana

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  9. Engraçado....estou aqui no trabalho e pensei em meu pai (moro no sul e ele em São Paulo), e pensando em meu pai, lembrei da VVD. Coloquei no google "VVD Pallas" e achei teu blog. Gostei muito do seu texto, pois você, facilmente, consegue transmitir seu sentimento.
    Lembro que meu pai contava desse tal de Gremio. Morávamos na rua Canto e Melo, que é bem próxima da VVD, e toda sexta-feira ele chegava tarde da noite em casa trazendo uma sacola cheia de sorvete, danone, balas e etc. Dizia ele que ganhava no jogo de sinuca, onde era imbatível.....rs.
    As festas da empresa sempre foram ótimas (estrutura do lugar, comida e bebida), e sempre acontecia algo engraçado que marcava alguém, como no seu texto onde passou mal e por muito tempo teve que aguentar gozações do pessoal. Com certeza era uma gozação sadia. Lembro pouco de alguns amigos do meu pai, mas quando estavam juntos só viviam arrumando apelidos um para o outro. (Marcinho cabeça de ET, o Escovinha....etc). Ah....o nome do meu pai é Jessé.
    Abs

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    1. Oi, Leonardo! Desculpe a demora, na correria do dia a dia, fico muito tempo sem olhar meu blog. Me lembro muito do seu pai. Que bom que gostou do texto. Nossa família VVD era e ainda é algo que quem viveu, jamais esquecerá.

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  10. Opa, que legal Nana!

    Belíssimo texto, que retrata om precisão e carinho o que representou a VVD Pallas na vida de quem trabalhou nesta época.

    Conforme fui lendo, muitas lembranças surgiram. Você definiu muito bem: uma família!

    Foi um prazer enorme ter participado desta família, ter trabalhado nesta empresa e conhecido pessoas especiais. Agradeço a lembrança.

    Beijos,

    Márcio Santos

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    1. Olá, Márcio! Que bom que gostou! Passo muito tempo sem entrar aqui e quando entro sempre uma surpresa! Que bom! Inesquecível mesmo a VVD.

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  11. Puxa!! Ótima época. Trabalhei lá no AS400, eu era operador e atendia a maioria do pessoal, liberação de usuário e etc. Trabalhei no CPD, nome que se dava na época com o Walter Costa (in memorian) e o Ricardo Nunes que ainda esta VWJabaquara. Nana, eu lembro de você, você e o Anginho me chamavam de 'DEUS O LIVRE'. Lembro de você assistindo/ouvindo música. Até hoje ainda tenho uma moeda da VVD club que trocavámos com alimentos e outras coisas lá daquela cozinha/salão de festas. Ah!! e sem falar da Ruth que fazia os nosso cafés da manhã e tarde, nossa.... Abraços. Feliz por ver isto escrito. Até mais. Antonio Silvano Dias Silva ou 'DEUS O LIVRE' antoniosilvanodiassilva@gmail.com

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