domingo, 10 de maio de 2009

Reforma Íntima

Como já contei por aqui, o meu processo de mudança começou em 2006 e agora chegou a hora da busca do equilíbrio pessoal. Busca do meu eu interior. Na verdade, comecei este processo há dez anos, contudo, por causa da correria do cotidiano, infelizmente, nós deixamos o principal da vida para segundo ou terceiro plano e às vezes, esquecemos completamente da ligação que temos que ter com Deus. Esquecemos de confortar e alimentar a alma, independente de religião.

No entanto, não é fácil fazer uma reforma interior. Temos tantos defeitos, e uma coisa aprendi, não basta apenas não fazer o mal, temos que fazer o bem, ser neutro não ameniza a situação. Não adianta ser bonzinho, se relacionar bem com todos, não arrumar confusão, não puxar o tapete dos colegas, não fazer fofocas. Não basta ser do bem, se não fizermos nada de bom para os companheiros de jornada e de existência. O mais importante é aplicar o amor ao próximo de alguma forma.

Esta semana assisti uma ótima palestra que falava sobre isso. Nós temos a impressão que fazer o bem é realizar grandes feitos, grandes obras, mas, o mínimo que fizermos, já basta para continuar no caminho da evolução e para contribuirmos para um mundo melhor e mais justo. Muitas vezes, basta apenas um sorriso, um abraço, uma palavra de conforto. Que tal harmonizar primeiro nosso lar? Nosso ambiente de trabalho? Já é um bom começo, não é mesmo?

Outro dia uma amiga falou que eu estava diferente e muito séria. Fiquei preocupada, pois uma das coisas que acho bacana em mim é passar alegria, falar coisas engraçadas, tirar o barato dos meus próprios sofrimentos, isso faz parte do meu ser. No filme “Cazuza, o tempo não pára”, meu mestre fala o seguinte: “tenho medo de fazer terapia e perder a inspiração”. E fiquei pensando no comentário da minha amiga, será que nesta busca do meu eu, aliviando as minhas angústias, juntando os meus pedacinhos, eu perderei a inspiração para compor?

Este blog mesmo é uma forma de preencher os espaços vazios que sinto em minha vida e outro dia estava tão bem, que não tive vontade de escrever nada. De qualquer forma, a tranqüilidade, a serenidade que venho adquirindo, vale a pena qualquer tipo de renúncia. Mas, aprendi também, que não preciso deixar de ser alegre, cantar, dançar, fazer uma graça, este comportamento não irá tirar a minha concentração, atrapalhar a minha fé. Muito pelo contrário, ser feliz faz parte de todo este processo, fluir amor e alegria é a grande busca . As músicas, ao invés de dramas, de dores de amores, podem ser sobre outros tantos assuntos. Com certeza a inspiração virá de uma outra maneira.

E como é bom celebrar a vida com os amigos, com a família. É importante não perder nenhuma oportunidade que apareça. Sempre gostei de andar em bando, de ter muita gente por perto. Quando ainda andávamos em turma, acho que não tinha tantos problemas de afeto, hum......será? E minha música “Fim de Noite – Blues da Solidão” que escrevi com 23 anos? É....sei lá.....só sei que sinto falta disso, mas, a vida continua e não poderia mesmo andar em turma o resto da vida, ser uma eterna adolescente.

E a busca do equilíbrio é boa por causa disso, aprendemos que ser feliz só depende de nós mesmos. Tanto é importante deixar de culpar os outros pelos nossos problemas, como também é importante não depositar as fichas numa única pessoa, achando que ela nos trará esta felicidade e paz que tanto buscamos. O amor não é isso, mas custa para a gente entender. O amor é construir, é compartilhar, é evoluir e para isso, a alegria de viver tem que vir de dentro de nós, e não de fora para dentro.

Contudo, confesso que apesar de saber disso há muito tempo, tento colocar em prática apenas agora, pois até então, na minha concepção, para a felicidade ser completa: “só se for a dois”. Porém, o mais importante no momento é me equilibrar. Do que adianta querer muito me realizar no amor se não estou bem e não estando bem, como posso fazer outro alguém feliz? Mas, uma coisa é certa, quando amamos ou quando estamos apaixonados, ficamos mais leves e o mundo fica mais colorido. O Céu fica mais azul, as flores ficam mais belas, os vários tons de verdes das árvores ficam mais vivos e o sol brilha com muito mais força. Entendemos melhor as poesias e as letras de músicas parecem que foram feitas para ser a trilha sonora do nosso romance. E com certeza este sentimento deve irradiar muito amor e luz por onde passa.

E tenho outra coisa para confessar, minha mudança que começou há dez anos teve um único motivo: o amor que sentia na época. Comecei a estudar inglês, coisa que não achava necessário, corri atrás do meu sonho que era cantar e gravei meu primeiro CD, pois até então, era apenas contrabaixista. Comecei a prestar mais atenção no que escrevia, pois sempre gostei de escrever, mas meio que assassinava a gramática e apesar de escorregar de vez em quando, acredito que melhorei um pouco neste tempo. Voltei a ser como era quando adolescente, ou seja, colocar mais alma nas coisas que faço, ter mais alegria de viver e ser mais intensa nas minhas atitudes. Comecei a viajar para novos lugares, cidades e estados, aprendi a apreciar um bom vinho tinto e o mais importante, comecei a estudar as coisas da vida, a filosofia de Kardec. Queria entender o motivo dos acontecimentos, dos nossos destinos, por isso posso garantir que só o amor transforma, que só o amor deixa a vida mais viva.

No entanto, o amor puro, verdadeiro, não aquelas paixões desvairadas que devastam nossas vidas. E outra coisa, tudo isso aconteceu após acabar o relacionamento. Não entrei em depressão, não fiquei sofrendo, fui à luta, não tive êxito, não houve uma segunda chance, mas olha quanta coisa de bom fiz por mim mesma em nome deste amor. Cresci em dez anos, o que não havia crescido em trinta. Contudo, este texto e tudo que venho aprendendo é sobre o amor universal, o amor ao próximo, o amor à vida, o amor pela natureza, o amor das amizades. Só quis dar alguns exemplos sobre o que o amor faz quando o sentimos de verdade. Mas o amor que devemos sentir pela humanidade é o mesmo amor que uma mãe tem por seu filho, este é o sentimento mais puro e mais próximo da perfeição. Difícil, não é mesmo? Só com muita fé, muita dedicação e disciplina mesmo.

Bom, para finalizar, nesta busca do equilíbrio só não quero ficar chata, careta e o rock and roll? Onde fica? E as guitarras distorcidas? Virar Santa ou Anjo ainda está muito longe da nossa atual existência. Ihhhh! Temos muito caminho a percorrer, muito a aprender, muito a crescer e muito mais ainda a entender. O que importa é seguir pelo caminho certo e para isso, só com uma boa reforma íntima mesmo. Infelizmente buscamos isso quando acontece algum problema sério. Mas, já que houve uma oportunidade, já que houve um começo, por que não continuar e ir até o fim?


“Eu não vim até aqui para desistir agora e se depender de mim, eu vou até o fim” – Engenheiros do Hawai.


Muita Paz e fiquem com Deus!

Beijos
Nana

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