terça-feira, 9 de junho de 2009

Êhhhh, Rede Globo!!!!!



Roberto Carlos comemora 50 anos de carreira no
Teatro Municipal de São Paulo com Divas da MPB


O Teatro Municipal de São Paulo recebeu em grande estilo, no dia 26.05, o show “Elas Cantam Roberto”, um dos eventos que comemora os 50 anos de carreira do Rei. Pelo palco passaram vinte Divas da nossa música popular brasileira, interpretando as canções do compositor desde a fase da Jovem Guarda até os tempos atuais. Foi uma apresentação que reuniu talentos e musas de diversas gerações da MPB, proporcionando ao público muita emoção, glamour e profissionalismo.

As divinas cantoras que tornaram este show de Roberto Carlos mais especial foram: Hebe Camargo, Luiza Possi, Zizi Possi, Alcione, Fafá de Belém, Celine Imbert, Daniela Mercury, Wanderléa, Rosemary, Fernanda Abreu, Paula Toller, Marília Pêra, Marina Lima, Sandy, Mart’nália, Adriana Calcanhotto, Cláudia Leite, Nana Caymmi, Ana Carolina e Ivete Sangalo.

Com direção artística de Monique Gardenberg, direção musical de Guto Graça Mello e cenografia de Gringo Cardia, Elas Cantam Roberto foi o primeiro dos cinco eventos especiais, promovido pela ItaúBrasil, para comemorar os 50 anos da carreira musical do cantor. Gravado pela Rede Globo e apresentado ao público no dia 31/05, a emissora conseguiu criar polêmica em um show que havia sido de plena graça, harmonia e competência.

Na edição, segundo explicações da Globo, por motivos artísticos que não falaram quais, eles cortaram as apresentações de seis cantoras: Marina Lima, Paula Toller, Adriana Calcanhotto, Mart’nália, Rosemary e a cantora lírica, Celine Imbert. A atitude gerou um mal estar em todos os envolvidos no show e inclusive, no próprio Roberto Carlos, que ligou para a emissora contestando a ausência dessas Divas. Antes da edição, ele mesmo havia pedido aos editores que poderia cortar as músicas que cantou solo, para não deixar ninguém de fora.

Nasci praticamente junto com a Rede Globo e respeito seu padrão de qualidade. Cresci assistindo suas novelas, seus seriados e shows que marcaram a minha vida. Entre as novelas, as que jamais esquecerei são Estúpido Cúpido, Dancing Days, Gabriela, Guerra dos Sexos, Vereda Tropical, Vale Tudo, Rainha da Sucata e a última que adorei foi a que reprisa agora no Vale a Pena Ver de Novo, Senhora do Destino.

Os seriados ou programas especiais da minha vida foram: Vila Sésamo, Shazam e Xerife, A Grande Família (anos 70 e atual), Sítio do Picapau Amarelo, Malu Mulher, Carga Pesada, Armação Ilimitada, Anos Dourados, Anos Rebeldes, TV Pirata, Sai de Baixo, Os Normais e o recente seriado Maysa. Por conta dos musicais, no final dos anos 70 e começo dos 80, a Globo apresentava a série “Grandes Nomes”, e um deles, em novembro de 1980, mudou definitivamente a minha vida, foi o especial “Rita Lee Jones”. A partir deste dia virei fã incondicional da rainha do rock e meu sonho maior se tornou trilhar pelos caminhos da música, do pop e do rock and roll.

Mas, algumas atitudes da emissora não podemos deixar de lado. Para começar, no intuito de se garantir como o veículo de comunicação mais importante do país, sempre está ao lado do governo que está no poder, ou seja, era conivente com a Ditadura Militar. O Milagre Econômico financiado pelos EUA é óbvio que era bom para a emissora. Depois, em 1984, quando isso não interessava mais, apoiou as Diretas Já, com transmissões dos palanques e das manifestações que levaram às ruas multidões de pessoas, em várias regiões do país, emocionando todos e unindo o Brasil num só coração. Assim, como acontece nas Copas do Mundo e nas Olimpíadas.

No final nos anos 80, na primeira eleição direta para presidente da República após a Ditadura Militar, para não deixar os comedores de criancinhas tomarem conta do país, denegriu a imagem de Lula e criou o Caçador de Marajás, praticamente colocando no poder executivo, o desconhecido Fernando Collor de Mello. Anos depois, em 1992, quis se redimir apoiando as manifestações dos caras pintadas para o impitchman de Collor. E nos tempos atuais, apóia um dos presidentes mais popular da história, o mesmo Lula, Luiz Inácio da Silva, que ajudou a derrubar anos atrás. Como já dizia Cazuza: “Brasil, qual é seu negócio? O nome do seu sócio? (plin, plin), confia em mim”. O “Plin, Plin” fica por minha conta, desde 89 canto deste modo a música “Brasil”, composição de Cazuza, Nilo Roméro e George Israel, imortalizada na voz de Gal Costa.

Então vamos lá. Porque a Globo faz o que quer? Porque não passou as interpretações das seis cantoras? O que prejudicaria seu padrão de qualidade, 15 minutos a mais de programa num domingo no final da noite? Onde sua programação é lamentável, com filmes antigos e sem importância alguma. É o capital? O poder da publicidade? O dinheiro que gira dentro da emissora? Sua audiência? Não sabemos ao certo. No entanto, realmente é difícil para o Rei engolir esta história, assim como para as cantoras que foram cortadas na edição.

Mesmo se fossem artistas no início de carreira, nada justificaria o boicote, imagine com a importância que essas cantoras têm para a MPB e para o Pop Nacional. Desagradável deixar Marina Lima de fora, a única que na noite toda, interpretou uma música com guitarra em punho. Sem contar a interpretação de Paula Toller em “As Curvas da Estrada de Santos”, a delicadeza de Adriana Calcanhoto e a descontração de Mart’nália, com toda a malandragem carioca herdada de seu pai, Martinho da Vila. E os anos de amizade que Roberto tem com Rosemary? E a cantora lírica Celine Imbert? Sua empresária estava indignada, segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.

Editar as interpretações mornas de algumas cantoras, queridinhas da emissora e duas músicas interpretadas por Ivete Sangalo não podia, né? Esta, não tem culpa nenhuma e jamais a criticaria pela admiração que tenho por ela como cantora e como pessoa. Ivete é gente da melhor qualidade, mas, todos sabemos que também é uma das queridinhas da Globo.

O que dizer? O que podemos fazer contra a toda poderosa Rede Globo? Nada. Quem, do meio artístico, não gostaria de ser protegida da emissora? Eu gostaria de aparecer na telinha do "plin, plin". Até porque é o veículo de comunicação de maior audiência e prestígio do país, mas, um pouco de justiça não faz mal a ninguém, não é mesmo? O que nos resta, para quem quer ver o show na íntegra, é comprar o DVD assim que for lançado.

Agora, deixando a Rede Globo para lá, uma cantora que preciso destacar e que nunca dei muita atenção pelo estilo musical que interpreta é a Cláudia Leite. Ela arrasou na música “Falando Sério”. Foi um espetáculo tanto no potencial de voz, como de interpretação . O que prova, que não basta apenas timbre bonito, sorte e talento. Aulas de canto, dedicação e experiência de palco também podem transformar da água para o vinho um artista, pois no início de carreira, Cláudia, no grupo “Babado Novo”, era bem crua. Parabéns!!! Fernanda Abreu também deu um toque e suingue todo especial à música “Todos estão surdos”, adorei!!

E parabéns ao Rei! São 50 anos emocionando o Brasil. Algumas músicas de Roberto Carlos são inesquecíveis e sempre contemporâneas. A minha favorita é “Detalhes”. Mas, gosto de várias, sempre as mais antigas, tanto da época da Jovem Guarda, como as dos anos 70.

Toda a renda do espetáculo, num total de R$ 326.872,14, foi destinada à Associação AMÉRICAS AMIGAS, entidade que nasceu da parceria entre Brasil e EUA para a Conscientização e Pesquisa sobre o Câncer de Mama.

Complementando o texto, ontem (12/06), Marília Pera estava no Jô Soares e confirmou o que deduzi um dia após a apresentação da Globo, quando algumas colegas de trabalho acharam exagerada a sua interpretação no especial. A diretora artística mandou ela interpretar uma "louca", e foi o que ela fez magnificamente bem como só a experiente atriz sabe fazer. E comentamos exatamente isso, outro colega e eu, que com certeza aquela interpretação desvairada havia sido proposital, algo que fazia parte do roteiro do show.

Um comentário:

  1. nana,como sempre vc é sabia e linda no que escreve...e fica aqui uma apaixonada,por boa musica,a indignaçao de muitas das nossas otimas cantoras,não poderem nos privilegiar com a sua voz e nos proporcionar um otimo show...
    apesar que para mim a melhor cantora do mundo se chama Nana Falavigna...amo sua voz e tudo nela

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