domingo, 25 de outubro de 2009

Telegrama - Zeca Baleiro


Sempre escuto na rádio Nova Brasil, a música “Telegrama” do cantor e compositor Zeca Baleiro. E esses dias como ando meio down, a música me chamou a atenção, principalmente essas duas frases: “eu tava triste, tristinho”, “eu tava só, sozinho”.

Fiquei pensando também na frase “mais sozinho que um Paulistano”. Esta é uma triste, mas é a mais pura realidade. Mesmo quem tem família na cidade de São Paulo, a maior parte do dia estamos sós. Ou indo para o trabalho, tanto o tempo que perdemos com o transporte público, como com o tempo que perdemos dentro do carro parados no trânsito caótico da cidade, ou no trabalho, concentrados na frente do computador, ou nas viagens de negócio ou em tantas outras circunstâncias. E para quem é solteiro então, após uma certa idade, sem uma galera para sair, sem uma companhia para se distrair.

Quem não tem um relacionamento a dois então é só solidão. Mesmo quem mora com a família, como é o meu caso, muitas vezes só nos vemos aos finais de semana, na hora do almoço, ou na hora no jantar, o resto do dia fico no quarto, na frente do computador, enlouquecida no MSN, Orkut, facebook, youtube e afins. Ou então na frente da televisão assistindo programas, filmes, esportes e a vida social onde fica? Não fica, é claro.

Será que a cidade de pedra nos leva a isso mesmo? O frio, a garoa de São Paulo, o corre-corre do dia a dia em busca do sustento ou em busca do lucro desenfreado distancia as pessoas? Será que tudo isso esfria os relacionamentos de amizade? Muitas vezes, até rola um convite, mas com o frio e a preguiça, preferimos continuar enlouquecidos em casa ao invés de fazer um programinha qualquer para aliviar a dor. Por isso nem tenho como questionar a frase de Zeca Baleiro.

Passei 15 dias em Salvador, desses 15 dias, 11 tivemos um programa, uma festa, um show, um cinema, um churrasco ou simplesmente um encontro com amigos para bater papo. E todas essas baladas com pessoas maduras, dos seus 35 anos para cima. Será que o sol, a praia e o mar são a energia natural que falta em São Paulo e que nos leva a uma outra forma de vida? Pior disso tudo é que São Paulo nos proporciona a melhor noite do país inteiro. Com uma gastronomia e diversidades de comidas típicas fantásticas, além dos shows, teatro, cinema, circuito alternativo com a melhor música independente, balada para todos as tribos, ou seja, temos tudo por aqui, o que quisermos e na hora que precisamos. Qualquer serviço é altamente qualificado, São Paulo é a cidade.

E porque somos tão sozinhos? Tô generalizando? Pode ser, pode ser que falo apenas por mim, mas o meu olhar para os paulistanos é essa mesma, a mesma de Zeca Baleiro.

Outra frase que acho intrigante, mas entendo é: “tava mais bobo do que banda de rock”. Não poderia concordar com isso justamente por tocar rock pop na banda Josie, mas, acredito que Zeca Baleiro tenha escrito esta frase devido a tal atitude rock and roll que uma banda tem que ter para agradar os teens e principalmente para render muito dinheiro para a indústria cultural. Para isso, é preciso ter estilo, pose, movimentos corporais estudados, cabelo esquisito, instrumentos irados etc e tal.

O importante é fixar o estilo e ser identificado por ele onde passa. Acho isto bacana, faz parte do show, mas eu não me encaixo nesta levada. Mesmo na época que era apenas baixista e bem novinha, não conseguia ter este comportamento rock and roll, o que sempre me destacou foi a técnica, o fato de ser mulher, pois nos anos 80 ainda era raro uma mulher tocando um instrumento e porque toco sentindo a música e assim viajo um pouquinho. Mas não tenho cabelo descolado, ao contrário, tenho um descabelado, não tenho tatuagens no corpo, nem piercing, no máximo uma roupinha mais moderninha, pero no mucho.

Agora é claro que quando vejo um vídeo da banda Josie, tento corrigir coisas que esteticamente não ficam legais como os ombros caídos, me deixando meio corcunda. Também ajeitei o modo de segurar a guitarra para ficar mais rock and roll e a posição dos pés quando estou com uma guitarra em punho. Meu pé ficava meio torto, virado para dentro e não era nada legal. Mas tudo isso é porque sou dona do meu nariz e não estou na mídia. Com certeza se um produtor mandasse, uma gravadora ou uma grande rede de televisão, eu também entraria nesta onda. Não posso enganar ninguém, mesmo não correndo muito atrás disso, meu sonho sempre foi fazer sucesso e viver única e exclusivamente da música.

Esta semana, inclusive, estava num ponto de ônibus na Avenida Santo Amaro e aí apareceram seis meninos, nos seus 16 anos, completamente produzidos e lindos, todos de óculos escuros, num estilo totalmente Zac Efron, ator teen do sucesso cinematográfico juvenil High School Musical, até o que tinha cabelos encaracolados, o corte era descolado e os cachos bem definidos e pensei: “Com certeza eles estão indo para o Disney Channel Brasil!” Sério! Não é possível tanta produção para apenas paquerar as menininhas na escola. O destino deles, certamente, era uma emissora de televisão.

Concluindo, o cantor Zeca Baleiro deve achar que uma banda de rock por toda esta produção, pelos pulos, pelas caras e bocas, pelos movimentos corporais e dos cabelos, pelas guitarras jogadas no chão, ou seja, que tudo não se passa de um grande circo armado, tanto é que o fechamento da frase é esta: “tava mais bobo que banda de rock, que um palhaço do circo vostok”.

Bom, mas a música não é só drama, pois ele recebe um telegrama dizendo que no mundo tem alguém que diz que muito lhe ama. E isso lhe deixa tão feliz que até beijar o português da padaria ele tem vontade. É isso mesmo, quando estamos felizes somos capazes de qualquer atitude, da mais singela até a mais insana.
Telegrama - Zeca Baleiro
Eu tava triste
Tristinho!
Mais sem graça
Que a top-model magrela
Na passarela
Eu tava só Sozinho!
Mais solitário
Que um paulistano
Que um canastrão
Na hora que cai o pano
Tava mais bôbo
Que banda de rock
Que um palhaço
Do circo Vostok...
Mas ontem
Eu recebi um Telegrama
Era você de Aracaju
Ou do Alabama
Dizendo:Nêgo sinta-se feliz
Porque no mundoTem alguém que diz:
Que muito te ama!
Que tanto te ama!
Que muito muito te ama,que tanto te ama!...
Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria...
Mama! Oh Mama!
Oh Mama!Quero ser seu!
Quero ser seu!Quero ser seu!
Quero ser seu papa!.



Beijos e tenham uma ótima semana!

Paz & Música
Nana

4 comentários:

  1. Gostei muito da análise muito legal :D
    Já divulguei no meu facebook.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Gleisson! Andei meio sumida do blog, mas agora estou de volta

    ResponderExcluir
  3. Essa musica não pertence a ele. Essa musica é composição de um cantora chamada Adriana Raquel de Macapá.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anônimo, então o Zeca Baleiro está usando uma música dos outros dizendo que é dele?? Pois até fui pesquisar porque poderia ter colocado uma informação errada, mas em todos os lugares que fiz a pesquisa dizem que a composição é dele...enfim....

      Excluir